<perversiário: Mas o que é, afinal, o Erotismo?
terça-feira, março 08, 2005
Mas o que é, afinal, o Erotismo?
O que é que caracteriza o erotismo, enquanto fenómeno; qual a especificidade que permite recortar o conceito de entre as múltiplas formas do sentir e agir humanos?

De notar que, posta assim a pergunta, buscar-se-á o elemento definidor do conceito e não uma caracterização global das múltiplas incidências que possa ter.

Posto isto, avancemos (arriscando, é certo) com uma hipótese aglutinadora de caracterização: o erotismo é um estremecimento íntimo. Pois bem, partindo desta fórmula concisa, há que analisá-la , decompô-la, explicitando cada um dos seus elementos constitutivos e o seu (inter)relacionamento.

E, logo, surge uma questão prévia. Postas as coisas assim, «um estremecimento íntimo», parece que não se está, sequer, a falar de erotismo (fenómeno terreno, demasiado terreno?) mas de misticismo! Mas, talvez, o êxtase místico e a sensação erótica não sejam tão diferentes entre si...
Não se fala, a esse propósito, dos êxtases de S. Teresa D'Ávila?

Enfim, em primeiro lugar, há que passar, à observação do que se entende por estremecimento. É que o erotismo é sempre algo de vivido; com intensidade, intensidade essa não alheia ao espanto de sentir. Ou seja, estremecimento é o sentir com espanto (que não o espanto de sentir). Ora, é exactamente aqui que entra o conceito de intimidade. É ideia de difícil manuseamento, mas que responde (só ela pode responder) à pergunta- o erotismo é espanto; é espanto de sentir; porém, sentir o quê?

Na verdade, tal dificuldade de operacionalização radica na impossibilidade de se associar, sem mais, o conceito «intimidade» à «sexualidade». Isto porque entendemos que a noção (cultural) de que as matérias da sexualidade são «do foro íntimo» mais não é do que um «caso» historico-cultural fortuito.

O que quer dizer que as coisas não têm de ser necessariamente assim. Porque é pensável que a actividade sexual humana possa ser tão corriqueira, digamos banal no seu sentido fisiológico, como comer e beber. Outrossim, o que consideramos íntimo é a dinâmica desse estremecimento, da forma como o erotismo convoca toda a nossa atenção (toda a nossa tensão anímica) no sentir das coisas. Resulta disto (e também em jeito de exemplificação) a capacidade eminentemente sinestética do erotismo. Todo o ser, perante o que é erótico, se encontra chamado a estar, isto é, a ser; é com alto grau de intensidade anímica que o erotismo é (necessariamente) vivido. Senão, nem chega a estar presente... mesmo que esse não-estar-presente seja (em limite absoluto) subjectivo, ou subjectivamente vivido.

Só então entra a realidade estritamente sexual. O erotismo é, antes mesmo de ser algo sexuado, um estremecimento íntimo que congrega todo o nosso ser, embora (e é por isso que só vem num momento após) seja também sempre uma tensão (e uma atenção) que lida com as fantasmagorias sexuais, o que quer dizer que, em última análise, o erotismo está indissociavelmente ligado com o fenómeno sexual; siginficando ainda, que o erotismo é a dinâmica tensionada, e por isso sublimada, da sexualidade humana. É a sexualidade humanizada. Não é a sexualidade em si, é todo o revestimento humanizante que se transfigura nas múltiplas incidências (quase infinitas, incontáveis) na vivência do sentir-pensar-agir do ser humano, que experiencia um estremecimento íntimo (e todo o estremecimento íntimo é espanto) perante a sexualidade (sua e/ou em relação com o outro ou os outros).
2:50 da manhã

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